Definições dos principais conceitos da psicanálise, segundo a teoria desenvolvida por Sigmund Freud:
1. Inconsciente
É a parte da mente onde estão os desejos, memórias e experiências reprimidas, que não estão acessíveis à consciência, mas influenciam pensamentos, emoções e comportamentos. É o núcleo dos conflitos psíquicos.
2. Consciente
Refere-se à parte da mente que tem acesso imediato à realidade. É o que sabemos, percebemos e sentimos no momento presente. Representa uma pequena parcela da vida psíquica.
3. Id (ou Isso)
É a instância psíquica mais primitiva, ligada ao inconsciente. É regida pelo princípio do prazer, buscando satisfação imediata dos impulsos e desejos (especialmente sexuais e agressivos), sem considerar regras ou moral.
4. Ego (ou Eu)
É a instância que atua como mediadora entre o Id, o Superego e a realidade. Está ligada à razão, à tomada de decisões e é regida pelo princípio da realidade, tentando satisfazer os impulsos do Id de forma socialmente aceitável.
5. Superego (ou Super-eu)
É a instância da moralidade e dos valores internalizados (formada a partir da educação, regras sociais e figura dos pais). Atua como um "juiz interno", promovendo a culpa e o ideal de conduta.
6. Mecanismos de defesa
São estratégias inconscientes usadas pelo ego para lidar com conflitos internos, ansiedade ou sentimentos inaceitáveis. Ex.: repressão, negação, projeção, etc.
7. Recalque
É o ato de expulsar conteúdos inaceitáveis (desejos, traumas, emoções) do consciente para o inconsciente. É o principal mecanismo de defesa e base do funcionamento psíquico neurótico.
8. Projeção
É um mecanismo de defesa em que a pessoa atribui aos outros sentimentos, desejos ou características que são seus, mas que não consegue reconhecer ou aceitar.
9. Transferência
É o processo pelo qual o paciente transfere sentimentos e desejos inconscientes, geralmente relacionados a figuras importantes da infância (como os pais), para o terapeuta. É um fenômeno central no processo analítico.
10. Complexo de Édipo
Conjunto de sentimentos e desejos inconscientes vivenciados pela criança (geralmente entre 3 e 6 anos), caracterizado pelo desejo amoroso pelo genitor do sexo oposto e rivalidade com o genitor do mesmo sexo. A resolução desse conflito é essencial para a formação do Superego.
Objetivos da Psicanálise:
Trata-se de uma abordagem que trabalha profundamente o inconsciente, responsável pelas nossas atitudes que temos “em modo automático”. Essas podem chegar a desafiar a lógica e o bom senso.
Para exemplificar, pense em todas as vezes que você disse “a partir de amanhã não vou mais fazer X coisa” e se pegou repetindo o comportamento sem perceber.
Ou quando falou algo que não queria e emendou um “é brincadeira” no fim para não parecer rude. O inconsciente é responsável por isso.
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Sigmund Freud |
Sigmund Freud (1856-1939) descobriu que muitos comportamentos conscientes são influenciados por forças inconscientes, como memórias, impulsos e desejos reprimidos.
Estes podem ser desagradáveis ou inaceitáveis socialmente, pois podem causar sofrimento e brigas.
Por exemplo, quando um indivíduo é vítima de um comportamento grosseiro no trabalho, ele sente raiva e vontade de retrucar ou até de agredir o outro fisicamente. Em sua mente, cria cenários fantasiosos nos quais pode responder com grosseria para compensar as emoções negativas geradas pelo ocorrido.
Porém, não é possível agir conforme deseja, pois isso acarretará em diversas consequências negativas que poderão prejudicar a carreira. Mesmo assim, algum dia, ele poderá transformar a fantasia em realidade “sem querer”, motivado por desejos inconscientes.
Tudo o que está armazenado em nosso inconsciente afeta as nossas vidas. O modo como pensamos, agimos e expressamos opiniões é resultado de uma memória, crença ou desejo que não está na superfície do psiquismo.
Por isso, podemos entrar em conflito conosco ou com pessoas sem compreender exatamente a razão.
A psicanálise, então, busca as causas da infelicidade das pessoas nos esconderijos do inconsciente.
Na psicanálise freudiana, o ego é a parte do sistema psíquico que lida diretamente com a realidade. Embora seja visto como um vilão por aí, o ego é o mediador entre os impulsos do id e as exigências do superego.
Ele nos ajuda a ter um comportamento realista e aceitável de acordo com as demandas da sociedade. Basicamente, o ego regula o nosso desejo de apenas satisfazer as nossas necessidades primitivas e alimentar paixões.
O id armazena os desejos inconscientes, os quais não são totalmente lógicos e às vezes não seguem as regras estabelecidas pela sociedade. É o ego que coordena o que o id pode ou não fazer, permitindo ou inibindo a sua satisfação.
Enfim, o superpego é o aspecto final da personalidade. Contém nossos valores e ideias bem como as lições aprendidas com os pais e com a sociedade. É uma espécie de juiz que determina o comportamento de acordo com esses aspectos morais. Quando muito severo, o superego anula as escolhas do ego e causa conflito psíquico.
Além da descoberta desses três elementos da personalidade, Freud desenvolveu técnicas psicanalíticas à medida que tratava seus pacientes.
Uma delas é a associação livre (método em que o terapeuta fala uma série de palavras e o paciente responde com o que vier à mente para despertar memórias reprimidas).
Trabalhou também a análise dos sonhos (Freud acreditava que os sonhos eram a “estrada para o inconsciente”).
O estudo da sexualidade da criança (complexo de Édipo), o conceito da dualidade no psiquismo (o conflito resulta de forças contrárias), e o fenômeno das resistências foram algumas das contribuições de Freud para formar o alicerce da psicanálise.
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